6 de jul. de 2011

Copa de 2014 e o Apartheid social

Por Desirée de Lemos Azevedo no blog de Daniela Felix

Queridos Amigos,
Quem acompanha de longe os debates a respeito das obras e preparativos para a Copa e as Olimpíadas deve estar preocupado com os gastos e os prováveis "descontroles" (para mantermos a elegância) no uso do dinheiro público. Contudo, aqui no Rio de Janeiro, além deste temor nada infundado, a exemplo das discussões parlamentares das últimas semanas, já temos muitas outras razões para nos preocuparmos.
A cidade vem sofrendo, desde o ano passado, o impacto destes preparativos, que têm sido vistos pelos governantes cariocas como uma oportunidade de marcar seus nomes na história da cidade, requentando o prato frio do progresso e do desenvolvimentismo, sem falar no higienismo, que às vezes penso, me enganando por certo, estar enfaticamente ultrapassado.
Motivados por um arroubo à Pereira Passos, a prefeitura do sr. Eduardo Paes e o governo do estado do sr. Sérgio Cabral fazem o Rio viver hoje um misto de bota-a-baixo com apartheid social. Depois do engodo das UPPs, amplamente divulgado pela mídia como uma vitória contra os traficantes, mas que na realidade visa apenas criar um cordão de isolamento das favelas próximas aos "locais olímpicos", aumentando a criminalidade nas "margens" da cidade e no Grande Rio (sem falar dos abusos contra os moradores das comunidades "pacificadas"); e depois do falacioso Choque de Ordem, o maior empreendimento caça-níquel já criado por uma prefeitura, que emite multas em frenesi e toma o ganha-pão de muitos e muitos trabalhadores informais da cidade diariamente, sem lhes oferecer uma possibilidade efetiva de legalização de suas atividades; a prefeitura agora inicia as remoções de moradores para as obras infra-estruturais como a transcarioca, via expressa que ligará a Barra da tijuca ao Aeroporto internacional.
Mas, veja bem, não estamos falando de desapropriação, estamos falando de REMOÇÃO, mesmo termo usado para as atividades dos garis. A população do Rio de Janeiro, aquela que geralmente é invisível nos cartões postais e inaudível nos noticiários, está sendo retirada de suas casas como lixo, sem indenização, sem outra moradia para ir.
Abaixo estão alguns links de vídeos em que a própria população relata o que vêm acontecendo e como vem sendo tratada. Os funcionários da prefeitura responsáveis pela tarefa dizem aos moradores o que Eduardo Paes nunca falará na televisão, embora provavelmente pense: que estão limpando a cidade e que, como favelados, eles devem ir para outra favela, para casa de um parente ou para um abrigo. Eles não têm direito à suas casas, não têm direito à indenização por elas, não têm direito nenhum. Enquanto isso, o governador passeia com um empreiteiro (será que ele fará obras para as olimpíadas?!!) com jatinho oferecido pelo maior milionário do país.
Peço que assistam e divulguem estes vídeos. O comportamento desavergonhadamente elitista e segregacionista desta dupla governante, que para mim já vinha sendo inaceitável, atingiu seu ápice. É repulsivo assistir o que vêm acontecendo no Rio, assistir calado é ainda mais.

Um beijo a todos,
Desirée de Lemos Azevedo <desireelazevedo@gmail.com>
Mensagem original - Data: 27 de junho de 2011 10:36 - Assunto: Apartheid social no Rio - vídeos olimpíada e remoção de população

Assistam:

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