14 de jul. de 2011

Jornal inglês grampeou celular de primo de Jean Charles de Menezes

Por *Época NEGÓCIOS Online
EFE
Britânico passa diante da sede do "News of the World", em Londres
A morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em 2005, após ser confundido com um terrorista no metrô de Londres, levou o jornal "News of the World" a grampear o celular de seu primo, Alexandre Pereira, informa nesta quinta-feira (14/07) o jornal britânico "The Guardian". Segundo a publicação, os primos de Jean Charles que ainda moram no Reino Unido afirmam que o telefone e anotações de conversas de Alexandre Pereira constam dos documentos encontrados com Glenn Mulcaire, o investigador particular que foi preso por escuta ilegal em 2007.
A família de Jean Charles de Menezes ainda busca mais esclarecimentos sobre sua morte e continua acionando o governo britânico pelo erro de seu esquadrão, que fazia o acompanhamento de atividades terroristas na capital britânica após o ataque de 7 de julho, em que bombas atingiram o metrô e ônibus de Londres, deixando 56 mortos. O erro demorou para ser admitido pelo chefe da Scotland Yard, Ian Blair, que tentou impedir que o caso fosse investigado, segundo conclusão da Comissão Independente de Investigação de Queixas da Polícia. 

Reprodução Internet
O mineiro Jean Charles de Menezes, que foi morto por enganho em um metrô de Londres: escuta ilegal
A acusação contra o esquema de grampo telefônico do primo de Jean Charles não é o único desdobramento no caso do "News of the World". O ex-diretor executivo do jornal, Neil Wallis, foi detido hoje em Londres pelo suposto envolvimento nas escutas telefônicas ilegais, o nono detido pelo escândalo, informou a Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard).
Aos 60 anos, o ex-diretor foi interrogado em uma delegacia sob a suspeita de conspirar para interceptar as ligações.
Wallis, detido em sua casa em Londres, trabalhou como subdiretor do dominical em 2003 junto com o ex-diretor Andy Coulson antes deste ser nomeado como diretor-executivo do rotativo em 2007.
Entre os detidos pelo caso está Coulson, antigo chefe de imprensa do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, detido na sexta-feira, embora tenha sido colocado em liberdade após o pagamento de fiança.
O escândalo causou uma grande controvérsia no Reino Unido, a tal ponto que o magnata da imprensa Rupert Murdoch se viu obrigado na véspera a retirar sua oferta pela compra total das ações do canal de TV pago "BSkyB", do qual tem 39%.
Nesta quinta-feira, o vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, disse que Murdoch deve prestar contas e apresentar-se na próxima semana ao Comitê de Cultura da Câmara dos Comuns que o citou, apesar do empresário não ter confirmado que vá se apresentar.
Além de Murdoch estão convocados a comparecer também seu filho, James Murdoch, e Rebekah Brooks, ex-diretora do "News of the World".
"Se eles têm um pingo de senso de responsabilidade pela sua posição de poder, deveriam vir e explicar diante do comitê parlamentar", disse nesta quinta-feira Clegg à rede pública britânica "BBC".
Em 2006, revelou-se que alguns jornalistas do "News of the World" recorriam supostamente aos grampos telefônicos para interceptar comunicações de famosos, concretamente as mensagens deixadas nas caixas de correio de voz de celulares.
Na lista das pessoas que tiveram os celulares interceptados a atriz Sienna Miller; o ex-vice-primeiro-ministro John Prescott e o príncipe William, o que fez com que a trama do dominical sensacionalista fosse descoberta.
Na semana passada, a crise estendeu-se com a divulgação que entre os telefones grampeados estava o de uma menina assassinada e os de familiares de vítimas de terrorismo e de soldados mortos em combate.
(*Com informações da Agência EFE)

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