12 de jul. de 2011

Rábula do Além-Túmulo

Impagável! do Blog de Rosivaldo Toscano Jr

Essa história me foi contada por um colega da magistratura catarinense. Disse-me que tinha um amigo que era juiz numa pequena comarca do sul do país. Nesse mesmo local, havia um advogado que dizia receber um "preto velho". Receberia um baiano que, segundo ele, tinha sido desembargador no início do século passado e que sempre baixava, coincidentemente, no mês dos júris. Segundo as más línguas, ele não tinha mediunidade nenhuma. Era tudo uma performance teatral para impressionar os jurados. Então, quando chegava o mês em que se realizavam os júris, ele colocava velas pretas em volta do fórum.
Chega o dia de um dos júris em que o dito advogado era o defensor do réu. O plenário do auditório amanheceu repleto de velas pretas. Seu assistente foi correndo comunicar ao juiz o inusitado fato. O magistrado, então, ao entrar no plenário, foi logo falando para o advogado:
- Doutor, é pra apagar as velas. – Ao que o advogado respondeu de maneira insolente:
- Excelência, seu assistente disse que fui eu que coloquei as velas? Então pode ser que tenham dois macumbeiros aqui. Eu e o senhor. Se não fui eu, pode ter sido o senhor quem acendeu as velas. – O tempo fechou no plenário.
O juiz, muito irritado com a resposta do advogado, resolveu suspender o júri e, somente após isso, o defensor decidiu apagá-las.
O júri retornou. A paz foi se restabelecendo aos poucos. Contudo, no meio dos debates, o advogado teve um treco e disse, com uma voz cavernosa e entre caretas e contorções, que baixou o tal desembargador. O promotor substituto, que era novo na carreira e cidade, ficou atônito, sem saber o que fazer.
O juiz, então, entrou na loucura do sujeito. Levantou-se abruptamente, tocou a campainha e perguntou em alta voz:
- A entidade que baixou tem inscrição na OAB? Se não tiver, pode ir saindo porque não vou deixar o júri ser anulado por falta de defesa técnica!

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