5 de jul. de 2011

O campeonato do BNDES

Por Diogo Costa* no DC

Apoiar a fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar pode vir a ser a mais nova missão do BNDES. Enquanto burocratas e empresários discutem os detalhes de como proceder com a criação do Carreçúcar, uma questão relacionada deveria preocupar analistas políticos e econômicos: por que o dinheiro público, coletado dos impostos, deve ser utilizado para financiar fusões de interesse privado? Luciano Coutinho, presidente do BNDES, justifica as práticas do banco no modelo desenvolvimentista de planejamento econômico. Em entrevista de 2009, Coutinho disse que o Brasil precisa ter empresas campeãs mundiais. Nessa corrida pelo desenvolvimento, o BNDES teria papel relevante. De fato, a Carreçúcar pode se tornar uma empresa campeã. Mas, quando pensamos no que é mais desejável para a sociedade, o título de campeão vale menos do que a campanha. Em um regime de livre concorrência, ensina a velha teoria econômica, venceria a empresa que melhor atendesse as demandas dos consumidores.

A justificativa é que o BNDES investe nos setores em que o Brasil demonstra competitividade. Mas a competitividade de um país não se planeja; se descobre. Há alguns anos, não se imaginava que um país pobre como a Índia se tornaria a grande exportadora de especialistas na tecnologia da informação. Só podemos saber de fato em que setores o Brasil é mais competitivo quando todos são tratados igualmente e sem privilégios. Quando uma empresa subsidiada pelo BNDES quebra, quem acaba ficando com a conta são os consumidores. É o socialismo invertido, em que o lucro é privatizado e os prejuízos socializados.

Do que adianta o Brasil ter empresas campeãs quando os derrotados são os brasileiros?
*PROFESSOR DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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