Certo dia, em Salvador...
Poucos minutos antes da audiência, a Defensora conversava com o seu assistido. Ele era acusado de tráfico de drogas. Ela estranhava o odor na sala. Pensava que estava ficando maluca, devido ao excesso de trabalho. Não podia estar sentindo o cheiro que parecia sentir. Olhou para a porta, imaginou que talvez viesse de fora, mas não estava muito próximo. Não tinha jeito, precisava perguntar.
- Amigo, você faz uso de substâncias psicoativas?
- Eu? Não, doutora!
- Fale a verdade, rapaz... eu sou sua defensora!
- Ok, eu uso, doutora, mas só maconha.
- Quando você usou pela última vez?
- Na verdade, faz pouco tempo...
- Foi hoje?
- Foi, doutora, um pouco antes de vir pra cá...
- Rapaz, você é louco?? Como é que você vai fumar maconha antes de uma audiência na Vara de Tóxicos?
- (...)
- Você tem noção da importância desta audiência para você? Você sabe que a sua liberdade está em jogo? Você tem consciência de que toda a sua vida pode mudar, hoje?
- Claro que tenho, doutora...
- Então?
- Foi justamente por saber que era importante. A senhora já penso no meu nervosismo? Já pensou no medo que eu estou sentindo? Eu estava tão tenso, mas tão tenso, que não teria coragem de vir, se não fumasse unzinho, pra relaxar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário