14 de abr. de 2011

Simon: FHC não se preocupa com pobres e comete erro "lamentável"


Comentário: O artigo do FHC está no Link abaixo. O FHC hoje é a unanimidade nacional que sempre quis ser. Pena que seja pelo viés negativo. A tentativa dele de reconstruir o passado mudando os fatos é constrangedora. Ele vai ser sempre conhecido como o presidente subserveniente aos financistas, que loteou o Estado e tentou destruir o capital real brasileiro. Muitos alegam que a subserveniência  tinha relação com o desleixo e quase repugnância com as questões financeiras. Se existiu este desleixo, os financistas aproveitaram bem a falta de ação do governo e quase transformaram o Brasil em uma imensa Bahamas.
Claudio Leal no Terra Magazine
O artigo "O papel da oposição", escrito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), é um erro político "lamentável", na avaliação do senador Pedro Simon (PMDB), antigo opositor do líder tucano. "Ele pensou uma coisa e escreveu outra", diagnostica. Simon acredita em um equívoco de escritor porque "nenhum partido burguês pode se dar ao luxo de botar que seu partido não vai olhar para a classe popular".
No texto publicado na revista Interesse Nacional, o ex-presidente criticou o discurso oposicionista dirigido ao "povão" e defendeu o envolvimento da "nova classe média". "Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão', isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos", analisou FHC.
"Isto porque o governo 'aparelhou', cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias", concluiu o ex-presidente.
"Politicamente, ele não podia recomendar isso a seu partido", diz Pedro Simon.
Terra Magazine - O que achou do artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo que a oposição deve se aproximar da classe média e parar de discursar para o "povão"? 
Pedro Simon - Eu acho que não foi feliz ao escrever. Eu acho que ele pensou uma coisa e escreveu outra. Foi muito infeliz. Em primeiro lugar, nenhum partido burguês pode se dar ao luxo de botar que seu partido não vai olhar para a classe popular. A classe popular, mais humilde, é aquela que deve merecer mais a nossa atenção. O que ele quis dizer, na minha opinião, é que a nova classe média, essa faixa de população que saiu da classe pobre e foi pra classe média, é muito grande. E essa é uma faixa que ainda não está disponível. Tanto pode ir para um outro partido como pode ir pro PT. Se ele disser que o PMDB deve fazer uma atração para essa classe, tudo bem. Mas daí a dizer não se importar com a classe pobre é algo profundamente lamentável.

Nos últimos anos, o PSDB tem se voltado para o que Fernando Henrique chamou de "povão"? 
Na verdade, não. No governo do Itamar, foi lançado o programa de combate à fome. E o Fernando Henrique mudou o programa, lançou um da cidadania. Mas aquele programa de distribuição de alimentos para o Vale Família, isso ele não fez. Ele não tinha uma preocupação maior com a classe pobre.
Implicitamente, ele reconhece que o governo Lula expandiu a classe média, ao elevar uma grande faixa da pobreza para essa faixa media? 
Ele pode até não estar se dando conta, mas indiretamente é isso que ele está dizendo, não é? Pode não estar afirmando, mas a conclusão a que se chega é por aí.
Considerando que ele é um intelectual, um sociólogo bastante experiente, que sabe expressar suas ideias, o senhor ainda acredita que ele cometeu um equívoco de escrita? 
Acho que sim. Politicamente, ele não podia recomendar isso a seu partido: "olhe para a nova classe média e deixe de lado os pobres". Não foi feliz.
Dilma tem conseguido atrair mais a classe média? 
Isso é o que o Fernando Henrique está dizendo, que tem que ter cuidado, pois essa nova classe média pode se virar para Dilma. Que a Dilma e o estilo dela estão atraindo essa gente.
O que tem achado dos primeiros passos do governo Dilma? 
Tenho gostado, ela está num bom caminho.
No lado comportamental? 
Tem sido (boa) na política externa, tem sido naquele chega-pra-lá que ela deu naquele deputado do PMDB do Rio, o que todo mundo diz que é negativo...
Eduardo Cunha? 
É. Quando ela se recusou em nomear o indicado dele pra empresa elétrica, Furnas, ele ameaçou que publicaria um dossiê contando tudo. Aí ela deu a declaração, dizendo: não nomeio nem esse, nem ninguém que for indicado por esse deputado. Sinceramente, eu acho que ela está bem.
Como o senhor recebeu o discurso de Aécio Neves na liderança da oposição? Essa linha de ser uma oposição mais equilibrada e de dialogar com o governo é uma tendência boa? 
Eu acho que sim. Ao contrário de alguns que acham que a oposição tem quer ser ultrarradical e aquilo ali não soma, eu acho que ele falou com muito firmeza e apontou até qualidades do governo Fernando Henrique. Até hoje ninguém tinha falado, ele falou. E disse que o governo do PT, por várias vezes, quando estava em jogo ou o Brasil, ou o PT, o Lula ficou com o PT. Foi um bom pronunciamento.

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