Gostaria de fazer um apelo a nossos observadores políticos, comentaristas e jornalistas em geral: menos elogios à presidenta Dilma Rousseff, por favor. O ambiente está beirando o puxa-saquismo e isso é tão ruim para a democracia como a crítica interessada e encomendada.
Quem lê este blogue há mais tempo sabe que tive a felicidade de ser um dos primeiros a apontar para determinadas qualidades da nova presidente. Recordei sua formação política, seu conhecimento de assuntos nacionais e a
experiência adquirida em oito anos de ministério no governo Lula como credenciais que criavam a possibilidade de fazer uma administração eficiente.
Lembrei seu histórico de compromissos políticos e até sua vaidade pouco visível como aspectos positivos para quem iria ocupar o cargo número 1 do estado brasileiro.
Na campanha eleitoral, uma parcela dos adversários de Lula e Dilma gostava de recordar a militância armada da candidata como uma prova dos riscos que o país poderia enfrentar. Naquele momento, era útil fazer um debate sereno sobre defeitos e virtudes em jogo na sucessão presidencial. Quem quiser saber detalhes sobre minha opinião, só precisa acessar as notas que publiquei naquele momento.
Os elogios após três meses de mandato já se transformaram em bajulação. Boa parte deles são tão desequilibrados como as críticas do passado.
Dilma é chamada de pragmática em comparação com um antecessor que agora é visto como ideológico — no passado, era comum acusar Lula de não ter firmeza em sua visão de mundo e em seus valores, ou seja, de ser pragmático demais. Quando Lula disse que nunca havia sido socialista, foi chamado de oportunista.
Depois de ter sido elogiada por honrar o compromisso com o controle de gastos — como se em 2002 Lula não tivesse criado o compromisso formal de manter um superavit primário acima de qualquer suspeita de amores inflacionários — após a visita de Barack Obama Dilma é elogiada porque teria abandonado a “pirotecnia.” Procure nos jornais, na TV, nas revistas. A lista de adjetivos bonzinhos não tem fim.
Alguns petistas chegam a imaginar que tudo é parte de um plano para intrigar o criador e a criatura, estratégia indispensável para tentar dar chances eleitorais à oposição em 2014.
Quem sabe? Eu acho que assistimos, pelo menos, a uma correção de rumo. Depois de massacrar de modo injusto o governo Lula e sua candidata durante a campanha eleitoral, uma fatia de nossos comentaristas procura se acomodar com a presidenta — e não economiza palavras de simpatia nem gestos de boa vontade. Fingem que a presidenta mudou quando, na verdade, eles é que falharam no trabalho de observar a candidata com uma dose razoável de isenção e distanciamento em relação às próprias paixões e preferências. Naquele momento, como se recorda, a presidenta era apontada como uma nulidade mental, cultural e política.
Não custa lembrar: ninguém faz um governo competente por antecipação. Cada dia tem seu drama e sua agonia. É a capacidade de uma autoridade para encontrar soluções adequadas para problemas inesperados que define o sucesso ou fracasso de um governo.
No discurso redigido para receber Barack Obama Dilma fez questão de recordar que recebeu uma herança positiva. Ninguém sabe se fará uma boa adminstração, ainda que o país continue a receber ventos favoráveis e sua equipe não tenha dado sinais, até aqui, de que pretende realizar alterações relevantes numa orientação geral que tem dado certo.
Desde os tempos do sábio Nicolau Machiavelli nós sabemos que tanto a fortuna como a virtude são indispensáveis para o sucesso na vida pública. Todo cuidado é pouco.
O cemitério político do século XXI está recheado de desastres políticos que entraram em palácio como políticos bonzinhos e agora enfrentam um corredor polonês de adversários raivosos e eleitores inconformados. O exemplo mais notável, mas que longe de ser o único, é aquele chefe de Estado que acaba de realizar uma visita de fim de semana ao Brasil.
Quem lê este blogue há mais tempo sabe que tive a felicidade de ser um dos primeiros a apontar para determinadas qualidades da nova presidente. Recordei sua formação política, seu conhecimento de assuntos nacionais e a
experiência adquirida em oito anos de ministério no governo Lula como credenciais que criavam a possibilidade de fazer uma administração eficiente.
Lembrei seu histórico de compromissos políticos e até sua vaidade pouco visível como aspectos positivos para quem iria ocupar o cargo número 1 do estado brasileiro.
Na campanha eleitoral, uma parcela dos adversários de Lula e Dilma gostava de recordar a militância armada da candidata como uma prova dos riscos que o país poderia enfrentar. Naquele momento, era útil fazer um debate sereno sobre defeitos e virtudes em jogo na sucessão presidencial. Quem quiser saber detalhes sobre minha opinião, só precisa acessar as notas que publiquei naquele momento.
Os elogios após três meses de mandato já se transformaram em bajulação. Boa parte deles são tão desequilibrados como as críticas do passado.
Dilma é chamada de pragmática em comparação com um antecessor que agora é visto como ideológico — no passado, era comum acusar Lula de não ter firmeza em sua visão de mundo e em seus valores, ou seja, de ser pragmático demais. Quando Lula disse que nunca havia sido socialista, foi chamado de oportunista.
Depois de ter sido elogiada por honrar o compromisso com o controle de gastos — como se em 2002 Lula não tivesse criado o compromisso formal de manter um superavit primário acima de qualquer suspeita de amores inflacionários — após a visita de Barack Obama Dilma é elogiada porque teria abandonado a “pirotecnia.” Procure nos jornais, na TV, nas revistas. A lista de adjetivos bonzinhos não tem fim.
Alguns petistas chegam a imaginar que tudo é parte de um plano para intrigar o criador e a criatura, estratégia indispensável para tentar dar chances eleitorais à oposição em 2014.
Quem sabe? Eu acho que assistimos, pelo menos, a uma correção de rumo. Depois de massacrar de modo injusto o governo Lula e sua candidata durante a campanha eleitoral, uma fatia de nossos comentaristas procura se acomodar com a presidenta — e não economiza palavras de simpatia nem gestos de boa vontade. Fingem que a presidenta mudou quando, na verdade, eles é que falharam no trabalho de observar a candidata com uma dose razoável de isenção e distanciamento em relação às próprias paixões e preferências. Naquele momento, como se recorda, a presidenta era apontada como uma nulidade mental, cultural e política.
Não custa lembrar: ninguém faz um governo competente por antecipação. Cada dia tem seu drama e sua agonia. É a capacidade de uma autoridade para encontrar soluções adequadas para problemas inesperados que define o sucesso ou fracasso de um governo.
No discurso redigido para receber Barack Obama Dilma fez questão de recordar que recebeu uma herança positiva. Ninguém sabe se fará uma boa adminstração, ainda que o país continue a receber ventos favoráveis e sua equipe não tenha dado sinais, até aqui, de que pretende realizar alterações relevantes numa orientação geral que tem dado certo.
Desde os tempos do sábio Nicolau Machiavelli nós sabemos que tanto a fortuna como a virtude são indispensáveis para o sucesso na vida pública. Todo cuidado é pouco.
O cemitério político do século XXI está recheado de desastres políticos que entraram em palácio como políticos bonzinhos e agora enfrentam um corredor polonês de adversários raivosos e eleitores inconformados. O exemplo mais notável, mas que longe de ser o único, é aquele chefe de Estado que acaba de realizar uma visita de fim de semana ao Brasil.
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