4 de out. de 2010

Vinte anos de reunificação da Alemanha

Do Estadão

Alemanha comemora 20 anos de reunificação

Divergências econômicas entre leste e oeste ainda persistem.


Reconstrução fez o país ser respeitado, disse Merkel (segunda à dir.)
A Alemanha celebrou neste domingo o aniversário de 20 anos de sua reunificação, com clamores pela integração religiosa e em meio a debates sobre persistentes disparidades econômicas entre o Leste e o Oeste do país.
Durante uma festa celebrada em Bremen (norte), com milhares de pessoas, a chanceler Angela Merkel, que foi criada no lado oriental, elogiou seus conterrâneos do leste pela luta pela liberdade e agregou: "Ao mesmo tempo, havia uma grande onda de solidariedade do povo da Alemanha Ocidental. É graças a esses esforços conjuntos que pudemos (nos) reconstruir tão rapidamente e fazer da Alemanha um país respeitado no mundo".

O presidente alemão, Christian Wulff, pediu por uma "nova solidariedade" interreligiosa no país: "Não há dúvidas de que o cristianismo e o judaísmo fazem parte da Alemanha. Mas o islã agora também faz parte da Alemanha. Não podemos permitir a consolidação do preconceito e da exclusão".
"Lembramos o dia memorável (da reunificação), raramente vivido por um povo. Curvo-me ante todos os que lutaram por liberdade. Sua coragem tocou o mundo", agregou Wulff.
À noite, as celebrações continuaram no Parlamento alemão, com participação do ex-chanceler Helmut Kohl, visto como um dos arquitetos da reunificação.
Congratulações
Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha Ocidental, capitalista, e a Oriental, comunista, se uniram, 11 meses após a queda do Muro de Berlim. A Alemanha Oriental concordou em realizar eleições livres e a adotar a Constituição de seu vizinho ocidental.
O presidente dos EUA, Barack Obama, parabenizou a Alemanha pela data e disse que o país "é um de nossos aliados mais próximos e melhores amigos".
Agregou que os EUA honram a "coragem e convicção do povo alemão que derrubou o Muro, pondo fim a décadas de separação dolorosa e artificial".
Discrepâncias e 'taxa solidária'
Desde a reunificação, no entanto, mais de 1,5 milhão de alemães - de uma população estimada em 82 milhões - migrou para o Oeste, onde a economia oferece mais oportunidades. No leste, a taxa de desemprego é o dobro da taxa ocidental.
Um jovem do Leste disse a Stephen Evans, correspondente da BBC em Berlim, que gosta de onde vive, mas "nesta região não estão os empregos que me interessam".
Merkel, no entanto, considerou esse processo de migração "natural".
Pesquisas de opinião apontam que a maioria dos alemães se diz favorável a uma Alemanha unificada, ainda que a população ocidental demonstre descontentamento em ter de pagar a "taxa de solidariedade" - uma contribuição tributária usada para a reconstrução do Leste.
Fim da 1ª Guerra
O país comemora neste domingo também o pagamento da última parcela da dívida de reparação imposta à nação após a Primeira Guerra Mundial.
Em 1919, os aliados, vitoriosos no combate, exigiram reparação equivalente a quase 100 mil toneladas de ouro, na tentativa de assegurar-se que a Alemanha não teria capacidade de se lançar em guerras por um longo período. Mas alguns historiadores citam a dívida como um fator decisivo para provocar a Segunda Guerra Mundial.
A Alemanha chegou a suspender o pagamento da dívida em 1931, mas concordou em reassumir o compromisso em 1953. O último pagamento é de cerca de 70 milhões de euros (R$ 162 milhões). BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 


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