30 de out. de 2010

Dilma não se resume a Lula

Do Diário do Centro do Mundo por Pulo Nogueira
É uma simplificação dizer que Dilma está prestes a se eleger apenas porque foi apoiada por Lula. Se fosse tão claro assim que o candidato de Lula se elegeria, quaisquer que fossem as credenciais, Serra teria pulado fora, como fez em 2006.
Quando Dilma foi confirmada, a distância entre Serra e ela era enorme. Ela já era a escolhida de Lula. Havia uma longa caminhada que só ela poderia trilhar – e não Lula. Entrevistas, debates, as cascas de bananas de escândalos em série: se Dilma fraquejasse, seria apenas mais uma candidatura oficial falecida na história do Brasil.
Dilma se saiu bem na campanha, tanto mais que no meio dela teve que lidar com um câncer. Reside aí minha principal preocupação, de resto. Entendo que uma equipe médica independente deveria garantir aos brasileiros que o prognóstico para Dilma é positivo. E acho também que isso deveria ter sido uma iniciativa do próprio PT.
O Brasil teve que aturar José Sarney por problemas médicos de Tancredo Neves. Raios podem cair duas vezes num mesmo lugar.

Enfrentar o desgaste de uma campanha sob um diagnóstico tão duro mostra a garra de Dilma. Ela não se vergou. É, de fato, uma guerreira.
Dilma foi bem, e acabaria beneficiada pela desastrada campanha de Serra. Serra cometeu todos os erros que alguém poderia fazer. Foi demagógico nas promessas irresponsáveis, hipócrita na simpatia fajuta e abjeto nas táticas baixas que adotou: deixar que sua mulher dissesse que Dilma gosta de “matar criancinhas” foi um horror. Se não deixou, pecou ao não pedir desculpas publicamente a Dilma, ou pedir que sua mulher o fizesse. A tomografia já entrou para o anedotário nacional. O pacote inteiro: a dor simulada, a bolinha captada pelo SBT, a tomografia, o médico sem graça – e a patética tentativa da TV Globo de confirmar a agressão.
Não me vi, em muitos anos, representado no PSDB.
Para mim, é simples agora. Ou o PSDB acaba com Serra ou Serra acaba com o que restou do PSDB. A causa do partido não pode se resumir num homem obcecado com a presidência.
Tive alguma apreensão quando Lula se elegeu em 2001. Ele desmentiu meus receios e os de tantos brasileiros. Ele foi responsável com os mais favorecidos, sem deixar de colocar foco nos menos. Por isso é tão aprovado num momento em que quase todo presidente já não encontra quem lhe sirva um café quente no palácio.
Não conhecia Dilma em profundida. Gostei do que vi. Estou confiante de que teremos uma boa presidenta.

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