Da folha
O Parlamento grego aprovou nesta quarta-feira um amplo pacote de medidas de austeridade que prevê arrecadar 28 bilhões de euros (R$ 63 bilhões) com cortes de gastos e aumento de impostos até 2015, em contrapartida a nova ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A aprovação era esperada pelo mercado financeiro, em especial o europeu, que acompanhou o voto com atenção e preocupação --caso as medidas não fossem aprovadas, a Grécia não receberia o dinheiro necessário para evitar um calote da dívida que afetaria toda a zona do euro e que poderia chegar tão cedo quanto mês que vem.
Yannis Behrakis/Reuters | ||
Manifestantes usam bandeira grega em protesto contra medidas de austeridade aprovadas no Parlamento |
Segundo a rede de TV CNN, o pacote foi aprovado com 155 votos a favor, 138 contra e 7 abstenções ou faltas. O governo precisava de uma maioria simples, de 151 dos 300 votos da Casa.
O pacote era defendido há meses pelo governo, que enfrentou greve geral, manifestação e violência nas ruas de Atenas contra os novos cortes.
O premiê grego, Giorgios Papandreou, se comprometeu nesta quarta-feira a fazer todo o possível para evitar o impacto da dívida do país.
"Não há plano B para salvar a Grécia", insistiu Papandreou na tribuna do Parlamento. "Faremos tudo para evitar ao país o que supõe a bancarrota", declarou, ao recordar o risco de que, neste caso, não poderiam ser pagos salários ou aposentadorias.
A maioria governamental se viu escorada pela deserção de uma deputada da conservadora Nova Democracia, que abandona a disciplina de partido e votará a favor do plano de ajuste. A isso se une a mudança de opinião de um dos deputados dissidentes da formação governamental socialista.
"A votação é crucial para o futuro da Grécia e da Europa, e não posso assumir a responsabilidade que meu país empobreça nem a derrubada da UE", afirmou o deputado Thomas Rombopoulos durante o debate parlamentar prévio à votação.
O plano de austeridade proposto pelo governo socialista inclui privatizações, novos impostos sobre renda e propriedades e cortes de salários e aposentadorias --incluindo 6,5 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos estatais ainda neste ano.
Está prevista também a redução da força de trabalho do setor público em 25%, ao mesmo tempo que será elevada a 40 horas semanais a carga de trabalho e serão estipulados novos contrato com um salário mínimo de 500 euros mensais.
A Grécia, uma das mais afetadas pela crise da dívida europeia, já recebeu em 2010 um pacote de resgate de US$ 160 bilhões da União Europeia e do FMI. O país, contudo, não conseguiu cumprir as metas fiscais previstas.
O pacote de austeridade era exigido pelos europeus em troca da quinta parcela do primeiro pacote (de 12 bilhões de euros previsto para julho) e do novo pacote de resgate, que deve ultrapassar os US$ 100 bilhões.
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