5 de nov. de 2010

IPEA contesta estudo sobre a educação no IDH

Do Terra Magazine

Dayanne Sousa
Os números de educação foram os que menos mostraram avanço do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O País ficou em 73º no ranking de 169 nações. Se considerado, porém, apenas o dado da média de anos de estudo da população adulta, o Brasil ficaria na 105ª posição.
"Se você olha a educação da população adulta brasileira, ela é muito ruim graças às péssimas políticas educacionais dos anos 70, 80 e 90", justifica o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Serguei Soares. "Melhorou só lá por meados de 90, então a gente tem um passivo educacional imenso que não tem jeito, só vai embora quando essas pessoas morrerem".
Nesta edição, o IDH mudou sua metodologia e considera dados novos. Por isso não é possível comparar com o número de anos anteriores, mas a ONU recalculou os números e aponta que o Brasil subiu quatro posições. O índice brasileiro foi de 0,699. Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. O IDH reúne dados de expectativa de vida, educação e renda.

A média de anos de estudo da população adulta no Brasil apontada pelo estudo é 7,2 anos. Na Noruega, o primeiro do ranking, são 12,4 anos em média. Para compensar os dados da educação, o principal responsável pelo bom desempenho foi o índice de renda per capita. A soma de todo o valor produzido dividido pela população no Brasil chega a US$ 10.607 e coloca o País numa posição boa, 75º em renda. "Nos últimos 10 anos o Brasil tem combatido fortemente a desigualdade e é mais do que justo sermos favorecidos nesse índice", defende Soares.
Críticas
Neste ano, o IDH também lança um novo número que "desconta" a desigualdade do valor do índice. Com o ajuste pela desigualdade, o Brasil perde 27,2% de sua pontuação no IDH.
Neste ponto, pesquisadores divergem. Soares elogia a ONU por incluir a desigualdade no cálculo, mas o também pesquisador do Ipea, Rafael Osório, afirma que o número não reflete a realidade. A ONU não usa as mesmas fontes de dados que o governo brasileiro. Para Osório, na tentativa de incluir o máximo de países possíveis, o IDH usa índices que não são os mais adequados.
- O Brasil é um exemplo de desenvolvimento humano e o IDH tem sido uma visão insuficiente. Eles têm que ser superficiais para poderem comparar e acho que estão nivelando por baixo - critica.
O País foi o que mais avançou na comparação com outros, mas ainda assim aparece atrás de outros da América Latina como Chile, Argentina e Uruguai. "Acho que o IDH não está mostrando porque não somos o Chile. Acho que o Brasil já fez tudo o que precisa ser feito para chegar a esse patamar", diz Osório.

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