9 de nov. de 2010

O metalúrgico e o professor

Por Paulo Nogueira do Diário do Centro do Mundo

O Metalúrgico e o Professor, quando eram jovens
Plutarco escreveu Vidas Paralelas, em que comparava romanos e gregos da mesma área. Cícero e Demóstenes, ou César e Alexandre, e por aí vai.
Penso nisso ao comparar o Professor e o Metalúrgico, que seguiram por caminhos diferentes na política contemporânea brasileira.
FHC e Lula.
Qual o melhor na presidência?
A maior realização do Professor foi a estabilidade, sem a qual não viveríamos um período tão positivo como este que já dura quase duas décadas. Inflação mina um país. Tira a alegria das pessoas, tira a capacidade de se planejar das empresas, tira a oportunidade de crescer de uma economia.
De resto, castiga mais os pobres, que não têm tantas alternativas financeiras para se defender do desgaste da moeda. Os privilegiados compram dólares, ouro, investem em aplicações bancárias. O dinheiro dos pobres se corrói em seu bolso esquálido.
A primeira grande distribuição de renda no Brasil moderno derivou da estabilidade trazida pelo Plano Real.
Outra grande contribuição do Professor foi suprimir bancos estaduais que, na prática, funcionaram para financiar as ambições – muitas  inconfessáveis – dos políticos que os comandavam. Imagine o que Paulo Maluf ou Orestes Quércia não faziam com o Banespa.
É louvável o poder analítico do Professor. Quando você o ouve falar de seu sucessor, tem um quadro inteligente, sereno. Nenhum avanço é negado. O Metalúrgico poderia aprender isso com o Professor. O país lucraria com uma avaliação serena dele sobre seu antecessor. Talvez ele possa fazer isso agora, fora do poder e do tumulto das paixões.-
Quanto ao Metalúrgico na presidência, um primeiro mérito foi, sem dúvida, não fazer nada que ameaçasse a estabilidade, ao contrário do que temiam tantos.
Mas sua maior conquista, aquela que o fará entrar com brilho na história e no coração dos brasileiros, foi ter feito uma administração pela primeira vez voltada mais para os pobres – sem descuidar dos ricos. Lula conseguiu estabelecer uma conexão com o brasileiro simples que jamais houve no Brasil. Os pobres se sentiram protegidos por ele,  e isso não tem preço. Filhos que se sentiam rejeitados passaram a se considerar queridos: não há como medir isso em termos de auto-estima nacional. Dilma conseguirá manter a conexão? Talvez, se a psicologia das massas enxergar nela uma espécie de mãe.
O Professor  e o Metalúrgico contribuíram muito, cada qual do seu jeito, para fazer do país do futuro o país do presente, e não há como o que seus detratores — os sinceros em sua cegueira e os de ocasião — possam fazer para apagar isso.

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