20 de dez. de 2010

Um ano que deu certo


Por Cláudio Lembo no Terra Magazine
É época de balanços. Levantar os acontecimentos, relevantes no decorrer do ano que se finda. É velha tradição. Todos os povos preservam a memória dos fatos superados pelo tempo.
Com o decorrer dos dias, as reflexões tornam-se mais sensatas e cada pessoa pode aquilatar a importância de fatos desenvolvidos nos períodos passados.
Chegou-se ao final de 2010. O momento mostra-se oportuno para uma breve avaliação desapaixonada dos mais importantes fatos verificados no seu decorrer.
Certamente, o mais importante acontecimento se constitui na eleição geral, especialmente para Presidente da República. Personalidades marcantes se apresentaram ao eleitorado.
A final, em segundo turno, dois candidatos disputaram entre si o vértice da administração pública brasileira. Venceu uma mulher, Dilma Roussef. O eleitorado soube interpretar as mudanças sociais em curso.

Positivo, portanto, o resultado do último pleito. Avançou-se na busca de uma perfeita integração social entre brasileiros. A sociedade continua a oferecer exemplos de solidariedade e abertura para todos os pensamentos, religiões e nacionalidade.
Tudo isto parece óbvio. É na verdade quando nos debruçamos sobre a sociedade brasileira. Torna-se cada vez mais democrática e aberta. Nada se mantém estático.
Diferente do que ocorre em outras latitudes. Os europeus - sem exceção - dão exemplo de profunda intolerância racial. Mostram-se, conforme suas tradições, repletos de xenofobia.
O ódio ao estrangeiro apresenta-se como triste realidade por todos os continentes e se apresenta inclusive nesta América em dramáticos episódios, como os desenrolados recentemente em Buenos Aires.
A par desta dolorosa xenofobia, em muitos espaços geográficos se apresenta a intolerância religiosa e este conduz a fundamentalismos absolutamente inconvenientes.
A presença do outro, com seus atributos, merece ser respeitada e a convivência civil é conquista dos povos chamados civilizados. Quando esta se rompe constata-se que as palavras não acompanham as ações de governantes.
Os europeus - particularmente a França - que em suas histórias registram no passado episódios exemplares de luta pelos direitos das pessoas, apontam para a fragilidade de seus valores.
Pregam, mas perseguem. As liberdades são esquecidas e argumentos contrários às lições do passado são argüidos a todo o tempo. Mostraram muitos dirigentes a plenitude da hipocrisia.
O Brasil ao reconhecer os valores de todos os povos é admirável em sua coerência. Tudo que é humano merece respeito. Não há diferença entre pessoas, em razão da cor ou da religião.
Este traço da personalidade coletiva nacional fixou-se ainda mais no decorrer do ano próximo a se findar. Erros? Alguns. Especialmente ao longo da campanha eleitoral.
A busca de temas, a partir de uma visão religiosa, mostrou-se desproporcional e um desserviço às tradições de nossa sociedade. Espera- se que, após reflexão, os políticos não mais repitam a experiência danosa.
Episódios extravagantes também ocorreram. A eleição de um palhaço profissional para a Câmara Federal tem duplo significado. A galhofa e o sentimento popular de apoio ao homem simples.
A Justiça Eleitoral mostrou-se sensível à votação recebida por Tiririca e o proclamou deputado federal. Acertou. A vontade popular, por mais esdrúxula que pareça, sempre tem motivação. Esta deve merecer respeito.
Perplexidade gerou o Supremo Tribunal Federal ao terminar em empate a votação a respeito da ficha limpa. Uma corte é concebida para resolver conflitos e não para preservá-los.
A sociedade reagiu com estupefação ao assistir pela televisão pública os trabalhos daquele alto tribunal. Ficou perplexa. O ativismo do Supremo mostrou-se tímido em momento de tanta sensibilidade.
O computo geral? O ano foi bom e o Brasil avançou social e economicamente. Preservou sua melhor característica: o bom senso.

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