médico de 28 anos, Roberto Maxwell, era o chefe da unidade de cuidados intensivos do hospital ABC, no México, em julho de1984. Um paciente célebre estava em coma hepática, ali. Buñuel, o grande cineasta espanhol, diretor de filmes como A Bela da Tarde e O Discreto Charme da Burguesia. Foi Buñuel que consagrou a seguinte frase paradoxal: “Sou ateu, graças a Deus.”
Subitamente, soa um alarme. O coração de Buñuel está capitulando. Desfibrilador e outras peças do moderno aparato médico são encaminhados para a cabeceira de Buñuel. aos 83 anos.
A equipe está ansiosa para cuidar do cineasta. Mas, para surpresa de todos, Maxwell diz que não é para fazer nada.
Buñuel deve morrer em paz. A alternativa era o quadro que todos conhecemos: entubação que apenas prolongaria a agonia.
Buñuel morreu em paz.
O jovem médico ficou muitos anos com um peso na consciência. Deveria ter feito alguma coisa para salvar o paciente naquele momento?
Passados anos, foi parar nas suas mãos a autobiografia de Buñuel. Nela, Buñuel dizia que esperava encontrar, no final, um médico que o deixasse morrer em paz.
Só então Robert Maxwell tirou o peso que levava.
A medicina infelizmente enveredou pelo prolongamento da vida a qualquer preço.
Como Buñuel, espero encontrar o médico certo. Mais para a frente, se Deus quiser.
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