Serra fez um pedido: que cada eleitor seu arrumasse um a mais.
Então eu também quero fazer um pedido a ele. Que reúna o que lhe resta de espírito público e se retire da política.
Se o PSDB quer fazer sentido depois das presentes eleições, uma renovação vigorosa é fundamental. O PSDB deixou de representar um eleitorado que vai além do próprio Serra e de uma classe média obtusa que não consegue aceitar que um metalúrgico sem diploma possa ser presidente e nem que sua empregada doméstica vote por conta própria.
É um eleitorado que vai se aproximando celeremente do perfil dos eleitores de Paulo Maluf, assim como as estratégias de Serra também remetem ao malufismo despudorado. Com algumas exceções, são pessoas preconceituosas, despidas de um espírito solidário que enxerga beleza na redistribuição de renda – e que vibram com as palavras mentecaptas de gurus da direita como Jabor.
Não que eu seja a melhor pessoa do mundo. Mas não me vejo naquele grupo.
O PSDB nasceu de uma cisão no PMDB, nos anos 1980. Políticos como Covas, Fernando Henrique Cardoso e o próprio Serra – ainda não desfigurado pela ambição fanática, ou pela falta de alguém no partido que lhe ponha limites – apresentaram ao eleitor uma alternativa baseada na social democracia européia. Um capitalismo humano, por assim dizer.
Para não morrer como sucessor do malufismo no coração de pedra da classe média retrógrada, o PSDB agora vai ter que se reinventar.
A saída de Serra é o primeiro e essencial passo para a renovação.
Seria uma tragédia para o PSDB, e uma pena para eleitores órfãos como eu, ele continuar em sua louca cavalgada – e um pouco mais adiante tentar a prefeitura ou o governo de São Paulo.
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