5 de jul. de 2011

Suplicy: BNDES deveria ter estudo prévio do Cade sobre fusão


Claudio Leal no Terra Magazine
Antes de decidir o aporte de até R$ 4,5 bilhões na fusão Carrefour-Pão de Açúcar, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deveria encomendar um estudo prédio ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), propõe o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Em entrevista aTerra Magazine, o petista defende que o banco avalie, previamente, o impacto da manobra sobre os consumidores. A empresa resultante da fusão pode controlar um terço do varejo brasileiro.
- Uma operação dessa natureza precisa ser examinada, na sua complexidade, nas suas vantagens e desvantagens, nas suas consequências econômicas para os consumidores pelo Cade. O ideal será que, antes de concretizada a operação, possa o Cade ter todos os elementos para fazer a recomendação, antes de ser concretizada. Isso precisaria até, em princípio, ser visto na legislação - analisa Suplicy.
O uso de dinheiro público para a operação das redes de supermecados é questionado pela oposição, no Senado. Detentor de 23% do Pão de Açúcar, o grupo francês Casino sustenta que as negociações entre a Carrefour e o empresário Abílio Diniz foram conduzidas de forma ilegal. Órgão brasileiro antitruste, o Cade avaliará a fusão.

- O Conselho de Defesa é que tem o conhecimento e o estudo acumulados e pode levantar as informações para indicar qual é a recomendação mais adequada. Seria ótimo fazer isso antes da concretização. Até porque, se houver uma delonga de dois, três meses, suficientes pra fazer o estudo, não parece haver uma emergência grande. O BNDES, até para ter maior tranquilidade, pode pedir ao Cade para fazer um estudo prévio. Acho que seria adequado, é o que recomenda o bom senso - afirma Eduardo Suplicy.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) critica o uso de dinheiro público numa fusão que não gerará "uma grande indústria".
- Não vejo com simpatia a presença do BNDES nessa fusão. Não vejo R$ 4 bilhões num projeto de dois supermercados... Ainda tem o conflito entre o Pão de Açúcar e sócios. Se ainda fosse a fusão de duas empresas para fazer uma fábrica, uma grande indústria, mas isso é uma espécie de monopólio de supermercados. Não vejo com simpatia - crava Simon.

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