Do Valor Online via portal do IPEA
Por Rafael Rosas
O diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú, defendeu hoje a utilização de uma política cambial para evitar a apreciação constante da moeda brasileira.
"A ideia de que o mercado define o câmbio não permite observar que o que é bom para o mercado financeiro nem sempre é bom para o mundo real", disse Sicsú, que participou do seminário Diálogos Capitais, no Rio de Janeiro.
O economista defendeu a taxação da entrada de capitais como forma de segurar a cotação do real, o que teria o efeito de estimular as exportações brasileiras. Para Sicsú, o câmbio hoje é um dos "canais de fraqueza" que precisam ser fechados, tendo forte influência na pauta de produtos mais elaborados exportados pelo Brasil.
"É preciso pensar que o Brasil tem que valorizar o agronegócio, mas é preciso associar tecnologia e valor agregado [às exportações]", frisou. "Precisamos de tecnologia não só pelo preço, mas pela soberania", acrescentou.
Sicsú também criticou o que chamou de "cultura de taxas de juros elevadas", que segundo ele existe na economia brasileira. "Precisamos enfrentar esse debate", destacou.
Também presente ao seminário, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que a vulnerabilidade do setor externo brasileiro terá que sempre ser acompanhada de perto. Para Mercadante, essa vulnerabilidade já gerou crises no passado e o senador a classificou como o "calcanhar de Aquiles" da economia nacional.
"Acompanhá-la é uma tarefa indispensável para o crescimento sustentável", disse Mercadante. O senador preferiu creditar a algumas razões estruturais a valorização do real frente ao dólar e citou a importância da discussão no âmbito do G-20, de forma a evitar o que chamou de guerra cambial.
"Temos que ter outros instrumentos para que a moeda não seja apreciada na velocidade que foi [recentemente]", afirmou.
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