30 de abr. de 2012

Desperdiçando nossas mentes


Paul Krugmann no New York Times via Folha
O índice de desemprego entre os jovens com menos de 25 anos passa dos 50% na Espanha. Na Irlanda, quase um terço dos jovens estão desempregados. Aqui nos Estados Unidos, o desemprego entre os jovens é de "apenas" 16,5%, o que ainda é terrível -mas as coisas poderiam ser piores.
Muitos políticos estão fazendo o possível para garantir que as coisas piorem realmente. Temos ouvido falar muito da guerra contra as mulheres, algo que é real. Mas também existe uma guerra contra os jovens, coisa que é igualmente real, embora seja mais bem disfarçada. E está fazendo mal imenso não apenas aos jovens, mas ao futuro do país.
Comecemos por um conselho que Mitt Romney deu a estudantes universitários na semana passada, numa aparição pública. Depois de criticar o "divisionismo" do presidente Barack Obama, o candidato recomendou à platéia: "Aposte nisso, vá fundo, se arrisque, consiga uma educação, empreste dinheiro de seus pais se for preciso, abra um negócio".
A primeira coisa que se nota aqui é o toque típico de Romney --a nítida ausência de empatia por quem não nasceu em uma família de posses, quem não pode depender do Banco Papai e Mamãe para financiar suas ambições. Mas o restante da frase é igualmente ruim, à sua maneira.
Afinal, "consiga uma educação". E pague por ela de que maneira? As mensalidades das universidades e faculdades públicas estão subindo, graças em parte à redução aguda na assistência do governo. Romney não está propondo nada que resolva esse problema. Mas é fortemente a favor do plano orçamentário Ryan, que prevê cortes radicais na assistência federal aos estudantes, o que levaria cerca de 1 milhão de estudantes a perder suas bolsas Pell.

25 de abr. de 2012

Profecias argentinas


Por Paulo Moreira Leite
As vezes eu acho que a Argentina virou um melodrama contemporâneo desde que Madonna fez Evita e cantou Dont Cry for Me, Argentina…
O filme é perfeitamente descartável e banal e sua melodia ajudou a consolidar o estereótipo de que os argentinos tornaram-se um país de infelicidade e decadência.
Quando Cristina Kirschner decidiu estatizar a YPF, foi a mesma reação. Pobres argentinos que irão perder investimentos, ficarão isolados do mundo, às voltas com seus políticos populistas, malandros e incompetentes. Vamos chorar por eles…
Pois é. Há uma década a Argentina cresce a taxas chinesas. Seu crescimento médio equivale ao dobro do que o Brasil obteve sob Lula que, por sua vez, era o dobro do que se obtinha com FHC.  Pobres argentinos, não?
Os credores denunciaram Nestor Kirschner como um demagogo mas ele reestruturou a dívida externa, mudou o cambio e o hoje o pais acumula superávits comerciais que dão inveja a muita gente.
Parece que em torno da YPF não há conflitos de interesses materiais, nem pontos de vista diferentes,  nem disputa por renda, por ganhos e perdas, que podem levar a reações diferentes para um lado e para outro.
É como se houvesse um grande consenso mundial que apenas os desenturmados e desorientados não consegue alcançar.  O mundo desabou em 2008 e ainda não ficou de pé. Os políticos responsáveis pela crise estão sendo depostos pelo eleitorado, um a um. A Economist já avisou seus leitores que o capitalismo de estado (ou seja o nome que se queira dar a este fenômeno) tem gerado crescimentos mais elevados nos emergentes mas tem gente que ainda não entendeu.
Ninguém pergunta por que os espanhóis – que eram donos da YPF – deixaram os investimentos cair ao longo da década, obrigando o país a se tornar importador de petróleo.
Será que eles têm o cofre cheio para investir o que seria preciso, com o desemprego em mais de 20% e uma pobreza tal que já tem cidade legalizando o plantio de maconha para tentar diminuir o desemprego?

Lixo extraordinário

Lixo Extraodinário : Documentário, produzido por Fernando MeirellesO documentário relata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores de Lixo em um dos maiores aterros controlados do mundo, localizado no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias/RJ. Indicado ao Oscar de melhor documentário.


 Imperdível!!!


23 de abr. de 2012

Intolerância religiosa

POR DRAUZIO VARELLA**Publicado hoje na “Folha de S.Paulo”
O fervor religioso é uma arma assustadora, disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso
SOU ATEU e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos.
A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres.
Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.
Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais. Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos a interferências mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido.