12 de ago. de 2011

Uma etiqueta moderna para uso de algemas


Por Xico Sá na Folha

Mais do que o escândalo em si, o que incomoda uma autoridade, pertença ela a escroqueria profissional ou amadora, é o uso de algemas.
Foi a grita agora no caso no check-out forçado pela PF que atingiu o alto escalão do Ministério do Turismo.
Todo mundo chiou, Dilma mandou apurar o incômodo, o ministro da Justiça entrou em parafuso...
Enfim, a algema (do árabe al-djamia, pulseira), tendência das quatro estações entre o populacho que viaja de camburão, é considerada muito deselegante em Brasília.
Inadmissível no código de etiqueta do subchefe-de-gabinete para cima. Nada fashion.
As súmulas jurídicas, inclusive do STF, recomendam o bom-tom no uso da algema. Não deve ser utilizada como um simples acessório, quase uma modinha popular de magazine.
O uso deve ser restrito a momentos em que o preso conduzido ameace fuga ou a vida de alguém, por exemplo.
A pulseira, nada VIP, é o que pega. Mais do que a repercussão do bas-fond político e a perda da boquinha partidária.
Lembro de PC Farias, então inimigo público número 1 do país, mais encucado e paranoico com a possibilidade do uso da algema prateada do que com a queda do governo do qual era sócio.

Nos porões da polícia de Imigração em Bancoc, Tailândia, confessou a este repórter que seguia o seu rastro, em 1993: “É uma deselegância, humilhante, não admito”.
Ser deportado e preso era o de menos. Com boas relações com a PF, o chefão embarcou para o Brasil apenas com o Rolex brilhando no pulso esquerdo e o uísque duplo 25 anos, igualmente dourado, balançando no lado direito. 
Como nem toda autoridade consegue se livrar do acessório, principalmente em casos de flagrante delito, a boa alfaiataria, os Armanis da vida, deveriam confeccionar ternos com a possibilidade de esconder melhor a incômoda pulseira.
Mangas mais longas e frouxas, frufrus, fardões de academia, bicos, babados rococós, talvez. Nada que um bom estilista não faça um truque para a próxima temporada da moda masculina.
Quem você acha, amigo, que poderiam ser os nossos modelos políticos para os singelos trajes aqui sugeridos?
O que não pode é essa humilhação, essa deselegância de uma PF que não leva em conta a etiqueta de Brasília.
Escrito por Xico Sá às 10h09

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